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Boicote histórico do Real Madrid à RFEF!

Foto: Reprodução / Google Imagens.

É um boicote histórico. Comparável ao da gala do Ballon d’Or, mas como poucos outros. Algo quase sem precedentes: o Real Madrid não participará de nenhum evento organizado pela RFEF na véspera da final da Copa do Rei. E quando digo nenhum, é nenhum mesmo. Não houve coletiva de imprensa, nem treino, nem a tradicional foto dos treinadores com o troféu. Mas a questão vai além do elenco: Florentino Pérez também não comparecerá, nesta noite, ao jantar oficial com os presidentes. A alternativa seria viajar com os jogadores lesionados amanhã, mas até isso está incerto. Até o momento, o clube considera a possibilidade de não estar presente no camarote de La Cartuja durante a partida. E mais, muito mais: o Real Madrid afirmou — e mantém a posição — que, se não receber uma "resposta convincente" da RFEF nas próximas horas, voltará para a capital na manhã de amanhã. É um golpe monumental na mesa. Uma decisão histórica, a um dia da final.

Tudo isso devido às declarações dos árbitros na manhã de hoje. Era costume que os árbitros também dessem uma coletiva de imprensa antes das finais. Há dois anos, na Supercopa da Espanha, Martínez Munuera e Soto Grado falaram, e a aparição rendeu bastante. Mas, com a chegada de Louzán, essa prática foi abandonada: este ano, não houve coletiva antes da final da Supercopa, e Gil Manzano não falou. Para esta final, porém, a RFEF decidiu retomar o costume, colocando De Burgos Bengoetxea e González Fuertes, os árbitros de amanhã, para falar com naturalidade, sem vetos ou tabus. Como destacou Sergio López, em matéria publicada no jornal AS, a ideia, no entanto, acabou virando um incêndio.

● Pelos vídeos da Real Madrid TV.

A polêmica começou com os vídeos do Real Madrid TV, conteúdos fixos na programação do canal — exibidos várias vezes ao dia — que acusam os árbitros, sem rodeios, de agirem deliberadamente contra o Real Madrid. Para sustentar as acusações, mostram erros dos árbitros em cada jogo antes das partidas. Esse modus operandi é visto pelo CTA [Comitê Técnico de Árbitros] como algo que incita ódio e violência, além de ser uma leitura extremamente tendenciosa, já que destacam apenas erros contra o Real Madrid, nunca a favor, apresentando uma informação incompleta.

● Contra o sistema 'corrompido'.

A queixa do Real Madrid, porém, vai além das arbitragens que enfrenta. Após a partida contra o Espanyol, o clube emitiu uma carta pedindo uma "reforma estrutural" do sistema arbitral espanhol, acusando-o de ser "viciado", "corrompido" e "fraudulento". Foi uma explosão sem precedentes, na qual o clube confessou estar farto de "mudanças superficiais" e elevou o tom, exigindo "a substituição de árbitros com históricos sob suspeita (em alusão à Negreira)" e a saída de quem compõe o estamento. A carta concluía: "As decisões contra o Real Madrid alcançaram um nível de manipulação e adulteração da competição que já não pode ser ignorado". Isso aconteceu há apenas 81 dias.

● Algo 'histórico' se aproxima.

Nesse contexto, as perguntas sobre os vídeos e as declarações públicas vieram à tona na coletiva dos árbitros. As respostas foram duras. De Burgos Bengoechea foi mais contido, embora tenha deixado uma fala sobre seu filho que causou desconforto. Já González Fuertes não poupou palavras. Ele afirmou que "vamos ter que começar a tomar medidas muito mais sérias do que as que já estão sendo tomadas", destacou que os árbitros estão "mais unidos do que nunca" diante desse cenário e, como se não bastasse, garantiu que algo "histórico" está por vir. Declarações que incendiaram tudo ao redor do Real Madrid.

● Pedido de troca de árbitros.

O clube considera que um juiz não pode falar dessa forma a um dia do julgamento, pois isso revela uma suposta predisposição contra um time, motivada por animosidade. O tom é inadequado, mas, acima de tudo, o momento é inaceitável. Assim, o Real Madrid agiu. Primeiro, solicitou formalmente a substituição dos árbitros. O pedido, porém, não teve o desfecho esperado: a RFEF foi curta e grossa: "Não".

● A resposta da RFEF.

Consultada por este jornal, a RFEF declarou: "Não vamos dançar conforme a música que nenhum clube quiser tocar". Em outras palavras, De Burgos e González Fuertes estão confirmados. Em Las Rozas, a queixa e o pedido do Real Madrid não foram bem recebidos, para dizer o mínimo: "Mudar os árbitros agora? Nem pensar! Para depois o Barcelona pedir o mesmo? Os clubes não vão escolher os árbitros". Ponto final. Ou não.

● RMTV ao ataque.

O Real Madrid TV contra-atacou. "O que o Real Madrid TV faz está amparado pela liberdade de expressão", afirmou o clube por meio de seu canal oficial, minutos após a coletiva dos árbitros. E acrescentou: "O CTA não tem autoridade para dizer que vídeos um meio de comunicação deve produzir". "O futebol será mais saudável quando eles (De Burgos Bengoechea e González Fuertes) e Medina Cantalejo não estiverem mais. E será mais justo quando a produção das imagens não tiver relação afetiva com o Barcelona", completaram.

Já à tarde, com a decisão do boicote tomada, o clube foi além: "Nunca aconteceu algo como o que ocorreu hoje, com os responsáveis por distribuir justiça demonstrando animosidade contra um dos participantes da partida e ameaçando tomar medidas contra o clube. É surreal, gravíssimo. Medina Cantalejo não tem nada a dizer? Rafael Louzán não tem nada a dizer sobre isso?"

E continuaram: "Medina Cantalejo, Clos Gómez ou Louzán devem estar refletindo. Imagino que, em algum momento, tenham pensado que erraram. Que venham a público falar, assim como seus árbitros fizeram. O que eles insinuaram e o tom que usaram contra o Real Madrid são inaceitáveis. A mesma coragem que González Fuertes e De Burgos Bengoechea mostraram, eles também deveriam mostrar. Como responsáveis, precisam dar a cara".

● Comunicado oficial do Real Madrid.

O Real Madrid emitiu um comunicado oficial: "O Real Madrid considera inadmissíveis as manifestações públicas realizadas hoje pelos árbitros designados para a final da Copa do Rei, que será realizada amanhã, 26 de abril de 2025. Essas declarações, que surpreendentemente focaram nos vídeos de um meio de comunicação amparado pela liberdade de expressão, como o Real Madrid TV, feitas de forma premeditada 24 horas antes contra um dos participantes da final, demonstram, mais uma vez, uma clara e manifesta animosidade e hostilidade desses árbitros contra o Real Madrid. Ainda mais surpreendentes, com um tom ameaçador, ao mencionar a união dos árbitros para anunciar supostas medidas ou ações que estão muito longe dos princípios de equidade, objetividade e imparcialidade que deveriam prevalecer a poucas horas de um evento futebolístico que atrai a atenção de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Diante da gravidade do ocorrido, o Real Madrid espera que os responsáveis da RFEF e do estamento arbitral ajam em conformidade, adotando as medidas cabíveis em defesa do prestígio das instituições que representam".

● Mensagem do Javier Tebas Medrano.