Real Madrid Notícias.

Caíram com honra.

Foto: Reprodução / Diario AS.

Final apoteótica. Nunca imaginei que, após uma derrota para o rival que mais me tira o sono, eu estaria tão orgulhoso dos meus jogadores. Mas é verdade que esse Barcelona, desde que Hansi Flick assumiu, recuperou um patrimônio que até então pertencia ao exército branco: nunca se rendem. Como destacou Tomás Roncero, em matéria de opinião publicada no jornal AS, vimos uma final que, pelas emoções, precisou de um desfibrilador, com constantes altos e baixos que fizeram as duas torcidas vibrarem em La Cartuja e também se banharem em lágrimas. O futebol não é uma ciência exata, e o que aconteceu no segundo tempo e na prorrogação é uma homenagem a esse esporte maravilhoso, que precisa de jogos desse calibre para lembrar que o mais bonito ainda acontece dentro das quatro linhas. O gol agônico de Koundé na prorrogação foi uma punhalada de gelo no coração de um Real Madrid que havia conseguido se reerguer após o golaço de Pedri e que já se via, mais uma vez, rumando para Cibeles quando todos o davam por morto. Mas quando um rival como o Barcelona se levanta do chão e te vence com orgulho e garra, não resta outra opção senão parabenizá-lo, estender a mão e reconhecer que é preciso melhorar nos bastidores neste verão para recuperar a hegemonia que os azul-grená neutralizaram com juventude e fome.

Atordoados. Isso não muda o fato de que o atual campeão da Liga dos Campeões e da La Liga desperdiçou um primeiro tempo em que a proposta de Ancelotti naufragou. Ceballos não conseguiu dominar o meio-campo, e Rodrygo não encontrou aquela versão imperial que, há dois anos, neste mesmo estádio, liderou a conquista da Copa contra o Osasuna. Tenho pena de Rodrygo, porque acho que ele é um atacante excepcional, mas nesta temporada ele perdeu energia, fôlego e eficiência. Ancelotti reagiu no intervalo e tirou da cartola o grande reforço do último verão, que mostrou estar recuperado de uma torção no tornozelo e assumiu a missão de reacender a esperança dos 26.000 madridistas que estavam atônitos com a triste imagem de seu time. Mbappé entrou como um touro em campo e começou a pavimentar o caminho para a virada com desmarques explosivos e uma ameaça constante para Iñigo Martínez e Cubarsí, que até então tinham tido uma noite tranquila. Vinicius se juntou ao parisiense, e quando Ancelotti colocou o maestro Modric no lugar de Ceballos, a virada na final se concretizou, criando minutos que enlouqueceram a torcida madridista. Mbappé se transformou em um Rice e marcou um golaço de falta que acendeu a chama, enquanto Güler, que esteve excelente, cobrou um escanteio perfeito para a cabeçada poderosa de Tchouaméni, que parecia selar a 21ª Copa da história do melhor clube do século XX. Cheguei a ver o Barcelona no chão, desorientado e aparentemente sem forças, com Pedri começando a mostrar cansaço. Mas ao Real Madrid faltou aquele instinto matador, e ele permitiu que o Barcelona de Flick, que nunca se rende, forçasse a prorrogação com um gol de Ferran. Restava pouco tempo, e naquele momento temi que o título nos houvesse escapado...

Ancelotti, chapeou. Sei que os oportunistas de plantão vão querer culpar o treinador italiano pela derrota, mas, se não fosse aquele gol isolado de Ferran, Ancelotti teria realizado mais uma obra-prima a partir do banco, com mudanças que transformaram o jogo em La Cartuja. Ancelotti sabe que, se a La Liga escapar, será difícil cumprir seu contrato, porque esse é o preço de treinar este clube quando não se conquista os grandes títulos. Mas, se é para morrer, que seja de pé, e foi assim que o Real Madrid caiu nesta noite sevilhana. Tenho pena, acima de tudo, dos milhares de torcedores que coloriram essa cidade mágica durante o dia. Mas é preciso saber perder. Barcelona, a Copa é de vocês.

Esta matéria é uma opinião do jornalista Tomás Roncero, publicada originalmente no jornal espanhol Diario AS. O conteúdo foi traduzido na íntegra para o público brasileiro e pode ser conferido em sua versão original através do link: https://as.com/opinion/cayeron-con-honor-n/.