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Juanjo Vila faz balanço positivo no Madrid CFF e abre portas para treinar o Real Madrid Feminino.

Foto: Reprodução / Diario AS.

Juanjo Vila, treinador galego que comandou o Madrid CFF em sua primeira temporada no futebol feminino, fez um balanço positivo de sua experiência na Liga F, destacando o rigor tático de sua equipe. Em uma conversa com a imprensa, Vila, que também dirige a Tactical Pro, empresa focada no aprimoramento individual de jogadores, anunciou sua saída do Madrid CFF e revelou estar aberto a novas oportunidades, incluindo a possibilidade de treinar o Real Madrid Feminino. Com passagens como assistente de Aitor Karanka e Unai Emery, ele elogiou o trabalho de Beatriz Álvarez na Liga F, criticou a falta de cultura tática no futebol feminino e analisou o domínio do Barcelona, prevendo o fim de seu ciclo. Vila também defendeu que árbitros devem ser escolhidos por competência, não por gênero.

● Balanço da temporada no Madrid CFF.

Juanjo Vila avaliou sua primeira temporada no comando do Madrid CFF, que terminou com a permanência na Liga F, dez pontos acima da zona de rebaixamento: "O balanço deste ano é muito positivo. Conseguimos ser o terceiro time da Liga F em duelos defensivos e o segundo em disputas, só atrás do Barça. Isso fala do rigor tático que alcançamos. Estou satisfeito com a atitude das jogadoras, com sua predisposição para aprender. Não tivemos um único incidente em todo o ano, e salvamos a categoria com dez pontos sobre o descenso".

Vila celebrou a harmonia do elenco e a evolução tática, mas confirmou que não seguirá no clube, em decisão mútua com a diretoria.

● Saída do Madrid CFF e futuro.

Após um ano bem-sucedido, Vila anunciou sua saída do Madrid CFF e está avaliando novas oportunidades, tanto no futebol feminino quanto no masculino: "Decidimos, o clube e eu, não continuar. Agora tenho que avaliar opções. Há ofertas do futebol feminino e também do masculino. O que preciso pensar é se quero voltar a pegar a mala".

Entre as propostas, duas são de equipes femininas de fora da Espanha, mas Vila está aberto a permanecer na Liga F, onde já recebeu sondagens. Ele destacou a imprevisibilidade da profissão, dizendo: "No mundo dos treinadores, você sabe que, dependendo dos resultados, tudo muda. Essa é a única empresa que te audita a cada sete dias".

● Interesse no Real Madrid Feminino.

Com a saída de Alberto Toril do Real Madrid Feminino, que ficou quatro anos sem títulos, Vila foi questionado sobre a possibilidade de assumir o cargo: "Estaria encantado. Não vou dizer que não. O Real Madrid Feminino tem uma grande margem de melhoria e não vou dizer não ao melhor time do mundo. O dia em que jogarem no Bernabéu será um marco e não está muito longe. Estão dando os passos certos. Aonde quer que você vá, a palavra Real Madrid ressoa pelo mundo".

Vila vê o projeto do Real Madrid feminino como promissor, destacando a proximidade de jogos no Estádio Santiago Bernabéu como um marco para a equipe.

● Trajetória e Tactical Pro.

Antes do Madrid CFF, Vila construiu uma carreira sólida como assistente técnico, trabalhando com Aitor Karanka no Middlesbrough, Nottingham Forest e Birmingham, e com Valery Karpin no Spartak Moscou e Mallorca. Ele também foi analista de Miguel Ángel Lotina no Deportivo e auxiliar de Unai Emery no Valencia. Sua entrada no futebol feminino ocorreu por meio da Tactical Pro, fundada durante a pandemia, que oferece treinamento tático individualizado. Vila trabalha com jogadoras como Ivana Andrés, Teresa Abelleira, Anita Marcos e Alba Redondo, que o inspiraram a assumir o Madrid CFF. Ele explicou: "Durante a pandemia, decidi fundar a Tactical Pro. Começamos a trabalhar com jogadoras como Ivana Andrés, Tere Abelleira, Anita Marcos e Alba Redondo. Elas, de alguma forma, são responsáveis por eu estar hoje no feminino. Nunca tinha trabalhado com isso e foi muito gratificante".

A Tactical Pro atende desde meninas de 10 anos até profissionais, com foco em preparação tática, física e mental.

● Visão sobre o futebol feminino.

Vila destacou a necessidade de fortalecer o futebol feminino desde a base, criticando a falta de treinadores qualificados: "O problema está na base. No futebol de formação, nem sempre estão os melhores treinadores. Muitos querem se destacar mais do que os jogadores que formam. Primeiro, você é educador, depois formador. É preciso corrigir constantemente os aspectos táticos. Corrigir cansa, mas é imprescindível".

Sobre a cultura tática, ele afirmou: "A cultura tática no feminino ainda está a 50%. O masculino tem uma vantagem de cem anos de história, mas não é questão de inteligência, e sim de trajetória. Há exceções: ver o Barcelona ou a seleção contra a Inglaterra é ver futebol tático de alto nível. Mas é preciso igualar isso em todos os times".

● Domínio do Barcelona.

Vila reconheceu a superioridade do Barcelona Feminino, chamando-o de "máquina perfeitamente sincronizada". Ele relatou: "Lembro-me de quando, na Liga, estava 0x1 no intervalo, e meu filho me disse: 'Que pena que os jogos não duram só 45 minutos'. Mas saímos para o segundo tempo e já víamos Alexia e Rolfö aquecendo... e sabíamos que o tsunami vinha. Foi assim, acabaram ganhando por 5x1.".

Na Copa, a partida foi mais equilibrada (2x1), mas em Barcelona o domínio prevaleceu, apesar de um início promissor do Madrid CFF (0x1). Vila destacou a qualidade de jogadoras como Hansen, Alexia, Aitana e Patri, mas previu o fim do ciclo, também traduzido na íntegra: "Esse ciclo também morrerá, como morreu o de Xavi, Iniesta e Busquets. No futebol, tudo que sobe, desce. E agora, os ciclos são cada vez mais curtos".

● Beatriz Álvarez e a arbitragem.

Vila elogiou Beatriz Álvarez, presidente da Liga F, por sua dedicação ao crescimento do futebol feminino. Ele destacou sua coragem ao criticar a arbitragem: "Beatriz Álvarez foi valente ao dizer que na Espanha tínhamos árbitras de terceiro nível".

Sobre o debate de gênero na arbitragem, Vila foi claro: "Não estou nem a favor, nem contra que mulheres apitem, digo que devem apitar os melhores, e se precisam de mais formação, é preciso dá-la. Mas só por ser mulher, ter que apitar, nisso não concordo. [...] Na liga inglesa, homens apitam; na italiana, homens apitam; aqui, não queremos homens apitando, e eu acho que quem deve apitar é o melhor. Não é questão de sexo, é de preparação. Stephanie Frappart, por exemplo, deve apitar jogos masculinos se for a melhor".

● Filosofia de treinamento.

Vila criticou a imitação cega de sistemas táticos, usando Pep Guardiola como exemplo. Sua visão, traduzida na íntegra, é: "Guardiola deixou um legado, mas também causou danos, porque no futebol há modas. Um sistema vence e todos querem copiá-lo sem considerar o jogador que têm à frente. [...] Há equipes que treinam por modismo. Mas futebol é contexto, não planilha de Excel. O que diferencia os grandes jogadores é a tomada de decisão, e isso não se treina copiando esquemas".

Com sua licença UEFA Pro e expertise em análise tática, Vila defende adaptar estratégias às características do elenco, rejeitando modismos.