
Xabi Alonso começa a reformar o Real Madrid com foco na pressão e atitude.

Xabi Alonso chegou ao Real Madrid com uma missão clara: consertar a bagunça tática que marcou a última temporada. Em seus primeiros dias como treinador, o espanhol abriu a caixa de ferramentas e escolheu onde meter o bisturi: a pressão. Não aquela pressão alucinada, de sufocar o adversário no campo dele, mas uma pressão média, bem organizada, com mordida após a perda da bola. Essa é a prioridade do novo comandante merengue, que busca transformar um time talentoso, mas desordenado, em uma máquina mais compacta e confiável.
● A dor de cabeça da pressão.
O Real Madrid da última temporada foi um paradoxo. "Não somos um time equilibrado, mas temos muita qualidade lá na frente", diagnosticou Carlo Ancelotti nos estertores do campeonato, após uma classificação suada para a final da Copa. A frase é um raio-x perfeito: talento de sobra, mas uma bagunça tática que tornava a glória instável. O descontrole na pressão foi um dos maiores males. Quando tentava morder alto, o time se desorganizava, abria buracos e era castigado na velocidade. A noite no Emirates, com o Madrid tentando pressionar e sendo triturado, foi o fundo do poço coletivo.
Xabi Alonso sabe que o tempo é curto, mas não hesitou. No primeiro dia de trabalho, na segunda-feira passada, reuniu sua equipe técnica para traçar o plano. Após horas de debate, a decisão foi unânime: a pressão precisava de conserto urgente. Com apenas cinco treinos antes da viagem para os Estados Unidos, era hora de focar no essencial. A pressão virou o alvo principal, mas não o único. A ideia é começar a dar cara nova ao time, mesmo com o calendário apertado.
● Uma pressão média e organizada.
Xabi não quer um Real Madrid que pressione como um louco, correndo riscos desnecessários. A meta é uma pressão média, acionada quando a bola chega aos três quartos do campo adversário. O segredo? Fazer isso com ordem. Nos treinos iniciais, o treinador já testou essa abordagem, e os ensaios vão continuar nos Estados Unidos, agora com o elenco completo. A fase de grupos, com adversários teoricamente mais tranquilos, será o laboratório para ajustes. É o que o calendário permite.
O novo técnico deixou claro: nada de esperar o rival com linhas baixas. O Madrid vai morder a partir de 70% do campo, mas precisa fazer isso direito. "Não fomos compactos em toda a temporada", lamentou Ancelotti no Emirates, com a derrota ainda ardendo. Xabi quer apagar essa memória. Se a pressão média não funcionar, melhor não forçar. Mas o time vai treinar para executá-la com precisão, evitando os buracos que custaram caro no passado.
● Atitude: A palavra-chave.
Além da tática, Xabi Alonso está martelando uma palavra no grupo: atitude. Ele quer jogadores com fome, que mostrem os dentes, especialmente após perderem a bola. O gesto de morder logo após o desarme virou uma obsessão. Não importa se a bola volta ou não — o que Xabi exige é a tentativa, o instinto de luta nos primeiros segundos. Isso, para ele, é questão de mentalidade, algo que cada jogador precisa trazer de dentro.
No primeiro treino, com 21 atletas (15 trabalhando, dez deles da base), Xabi foi direto: prometeu dar 200% de dedicação e cobrou o mesmo de cada um. Até agora, ele está cumprindo a parte dele. Tem se jogado de corpo e alma, espremendo cada minuto dos treinos. Além da pressão, ele deu pinceladas em outros fundamentos, como sair jogando com a bola e manter a intensidade. Esses são os três mandamentos iniciais do novo Real Madrid: pressão organizada, saída de bola qualificada e atitude de quem quer vencer.